Igualdade de Género
Nunca me considerei conformista e muito menos comodista, aliás sempre foi uma palavra que me fazia uma certa "comichão". Isto porque eu nunca consegui perceber o porquê de ficar parada e de braços cruzados, quando claramente não estamos de acordo com a situação atual, ou então, sabemos que a mesma está profundamente errada. É um bocadinho por causa deste meu mindset que vos venho falar acerca deste assunto.
Hoje, gostaria que refletíssemos todos acerca de uma palavra: "Feminismo". Vamos desmitificar esta palavra, chegar à raiz do seu significado e do seu propósito, porque sim, a definição que corre hoje em dia entre nós, não passa disso, de apenas um mito. Feminismo, por definição, trata-se de um movimento ideológico a nível político e social, que preconiza a igualdade de direitos civis, políticos e outros entre homens e mulheres. No entanto, com o que é muitas vezes confundido? Como um movimento "anti-homens". Muitas vezes a sociedade acaba por interpretar mal esta palavra, porque tem a palavra feminino incluída nela, faz parte da sua raiz etiológica, e como tal estamos, então, a dar primazia ao sexo feminino em vez do sexo masculino, quando na verdade não é essa de todo a causa principal deste movimento.
Este termo tem se tornado impopular, quase que esquecido na nossa sociedade atual, visto que muitos se podem interrogar do porquê de estarmos a falar disto, se as mulheres ao longo do século passado conseguiram conquistar direitos fundamentais como o direito ao voto, a possibilidade de serem consideradas chefes de família, a trabalhar em certos cargos que até então eram apenas destinados a homens, etc. No entanto, a verdade é que os movimentos para a promoção da igualdade de género ressurgiram, e em peso, e tal não aconteceria se a igualdade entre géneros já tivesse, de facto, sido adquirida.
Hoje em dia, as mulheres que se consideram feministas são vistas pela sociedade como mulheres que têm demasiada opinião, que são demasiado agressivas nas suas demandas e no geral anti-homem. Mas isto não é voltarmos ao pensamento que existia há 100 anos atrás quando demos os primeiros passos, no sentido de mudar a desigualdade existente na nossa sociedade? Esta perceção não passa de um produto de mentes tacanhas e subdesenvolvidas, porque na verdade não são apenas as mulheres que beneficiam desta igualdade de género, mas também os homens. E aqui está o que para muitos é o grande choque: "Os homens também sofrem, com isto?"
Pois é, graças à existência desta desigualdade, os homens quase que foram obrigados a cumprir certos requisitos para serem apelidados de pertencentes ao sexo masculino. Estes, quase que têm obrigatoriamente que cumprir os estereótipos que a sociedade desenhou para eles, porque senão estes são considerados demasiado femininos e acabam, eventualmente, por serem excluídos da mesma. Tudo porque podem não querer jogar à bola, mas preferem brincar com outros brinquedos, porque querem seguir carreiras que maioritariamente são ocupadas por mulheres, porque se querem vestir de uma certa maneira, ou até mesmo por mostrarem que têm emoções. Todos estes conceitos, não poderiam estar mais errados e serem mais a favor da promoção da desigualdade de género.
É neste âmbito que surge o movimento HeForSHe. Este movimento que foi criado em 2014 pela ONU Mulheres surge como uma necessidade de promover a igualde de géneros, que acaba por ser uma questão de direitos humanos. Este movimento convoca os homens, para que estes sejam nossos aliados igualitários na luta da elaboração e implementação de uma visão comum a todos da igualdade de género, que acabará por beneficiar toda a humanidade e ajudar na construção de uma nova sociedade livre de barreiras culturais e sociais.
A HeforShe chegou a Portugal em 2017 e segue o impacto 10x10x10x. Este tem como objetivo o envolvimento de um grupo de 10 Chefes de Estado, 10 CEO's e 10 Reitores de Universidades, sendo objetivo que cada grupo identifique as abordagens mais adequadas para enfrentar a desigualdade de género em cada um dos seus setores, e quais as abordagens mais adequadas para a combater e a eficácia das mesmas.
Segundo o website da HeForShe, e segundo a opinião das pessoas que se comprometeram a apoiar este movimento, os problemas a nível de desigualdade de género no nosso país focam-se na identidade, trabalho, violência e política. Também é de valorizar que este grupo é composto na sua maioria por homens, o que significa que o objetivo deste movimento está a ser cumprido e que estamos, de facto, a tentar mudar a nossa sociedade e que queremos ter um papel ativo na mudança da mesma. A HeForShe já chegou ao Porto, e também a algumas faculdades da academia do Porto como é o caso da nossa (FFUP) e da faculdade de medicina (FMUP), esperando, como é obvio chegar a todas as faculdades da Universidade de Porto.
Em suma, acho que a mensagem que devemos passar no nosso quotidiano e quer seja, em nossa casa, no nosso grupo de amigos, ou até mesmo na rua é que, tu tens o direito de escolha sobre tudo aquilo que fazes, e rapazes: Não faz mal vocês mostrarem que têm sentimentos e de falarem quando algo vos chateia ou magoa. Não faz mal vocês quererem seguir um rumo diferente daquele que traçaram para vocês. Não faz mal vocês fazerem tarefas que são "tipicamente femininas". Não faz mal se exprimirem! E raparigas: Fazer parte de uma equipa de desporto não faz de vocês menos mulheres e mais masculinas. Decidir o que vocês fazem com o vosso corpo é decisão vossa! Vestirem-se da maneira que quiserem só a vocês diz respeito! Quererem dirigir algo, não faz de vocês mandonas! Somos uma só sociedade e para tal temos de lutar para que não existam papéis de homens e papéis de mulheres, mas sim para que haja uma igualdade de oportunidade para todos nós.
Texto: Diana Guedes
Créditos imagem: BusinessDay Media Ltd