Medo
Medo. Substantivo Masculino - Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários. Um truque do nosso subconsciente que cada vez mais, se torna uma realidade com cada passo que vamos dando por essas calçadas fora!
O medo deixou de ser hipotético e passou a ser uma realidade do nosso quotidiano. E já não estou a contar no mesmo cesto os medos banais, se é que se podem chamar assim, que todos nós temos. Medo de falhar num teste, de esquecer das palavras durante uma apresentação, de andar com papel higiénico colocado aos sapatos pela faculdade toda. Estou a falar do terror que cada vez mais nos é imposto pela nossa sociedade e pela infeliz realidade do nosso mundo.
O terror é instaurado sob as mais diversas formas, e embora, os alvos mudem e as ameaças que exponham sejam diferentes, o resultado é quase sempre o mesmo. Há pessoas a perder a vida, por causas que só nos afastam em vez de unir, por reflexos de cabeça quente, ou mesmo por pura maldade. E o que antes era um caso isolado, tem se tornado quase moda e quase que um padrão para algo de errado que não se deveria repetir nunca.
"Pray for Paris", "Pray for London", "Pray for Barcelona", "Pray for Manchester", "Pray for Vegas", são apenas algumas das manifestações que têm inundado as redes sociais nos últimos anos, todas elas referentes a ataques terroristas e a massacres em massa. Servem para nos unirmos e mostrarmos a nossa solidariedade com as famílias que perderam quem lhes era mais próximo. Mas quem é que vai consolar a mãe que perdeu o filho, a criança que vai crescer sem pais, e os que ficam entregues à sua sorte porque perderam tudo o que tinham?
Aí a segurança é reforçada, os países são colocados em alerta vermelho de atentando, normas de prevenção são enumeradas nos telejornais e passam várias vezes ao dia na esperança de diminuir as próximas casualidades e tentar dar uma falsa sensação de segurança à multidão. E, fica tudo calmo durante algum tempo, uma falsa paz, exatamente o que se pretende, para que quando o ataque rebente da próxima vez, tenha mais impacto, cause mais danos, fira mais suscetibilidades e principalmente instale o medo e o terror.
E aí nasce o medo irracional, a paranóia quase, a incerteza no regressar a casa. Adota-se um estado quase de "Carpe Diem", porque nunca sabemos quem serão os próximos e se não seremos nós. A alternativa? Não saímos à rua. Deixamos que esse medo nos consuma e domine, que seja dono de nós e tome as rédeas da nossa vida.
O mundo nunca será um só quer a nível de ideologias, crenças ou maneira de agir. Mas há algo que todos devíamos defender e lutar para tornar uma unidade. O direito à liberdade!
Todos nós temos a liberdade para viver, para fazer as nossas escolhas e acima de tudo a liberdade para viver sem medo. Estamos a autodestruirmo-nos e para quê? Para mostrar o poder que temos uns sobre os outros? Para mostrar o quão fácil é acabar com a vida de alguém? Eu sei que é irrealista acabar com estas manifestações públicas de violência, mas a questão que se levanta é: Não haverá outra maneira? Será que não existe uma outra forma de expor a mensagem, sem ser pela chacina de pessoas inocentes?
A sociedade está farta de viver com pavor do que possa acontecer! Farta de pôr a vida em pausa, devido ao clima instável que se instalou por todo o mundo, sempre à espreita de quando é que vai acontecer a próxima desgraça.
Por isso, vamos fazer um uso correto da nossa liberdade! Vamos lutar pela união das nações e enfrentar de mãos dadas os perigos que teimam em querer ser a personagem principal dos nossos dias. Vamos respeitar-nos mutuamente seja enquanto pessoas, raças ou até mesmo etnias, porque a nossa liberdade acaba, quando começa a do próximo!
Texto: Diana Guedes
Créditos imagem: Nino Carè